Em comemoração ao Dia Mundial do Meio ambiente, o sábado de 5 de junho ficou marcado na vida de vários moradores do Complexo do Alemão. A Comemoração mobilizou moradores e catadores de materiais recicláveis para a conservação do ambiente em que vivemos e também foi Instalada uma tenda em frente à Associação de moradores da Grota no Complexo do Alemão, onde foram recolhidos vidros, papeis metais e plásticos que em seguida foi encaminhado para uma cooperativa. Organizado pelo projeto Limpa Brasil, a ação ocorreu em vinte pontos da cidade para recolher lixo e promover a conscientização da população para as questões ambientais. E a sociedade demonstrou que está unida pela preservação do meio ambiente. No complexo do Alemão houve um grande número de voluntários, que se uniram ao grupo de catadores de cooperativas da comunidade.
A cooperativa de reciclagem Eu quero liberdade coordenou a ação Limpa Brasil no Complexo do Alemão juntamente com mais 20 cooperados e alguns voluntários que, se inscreveram pelo site (http://www.limpabrasil.com) e retiraram seus kits nas agências do Banco do Brasil. Igor Matos, militar do exército, foi voluntário e demonstrou total envolvimento com a preservação do meio ambiente. Ele que saiu de sua casa em Olaria para trabalhar na Favela da Grota, Igor, ficou sabendo do projeto Limpa Brasil dois dias antes da ação que reuniu mais de 200 pessoas entre catadores e voluntários. “Não acreditava que este projeto haveria tanta abrangência”, disse Igor.
Para o voluntário Igor, as pessoas têm que abandonar o discurso ambientalista sobre a Amazônia e em proteção ao meio e agir na prática, “as pessoas acabam de falar em favor do meio ambiente e em seguida come uma bala e joga o papel no chão”, completa Igor. A prática deste voluntário vai além do tradicional discurso ambientalista e sugere que a sociedade rompa “com esta barreira e avance para uma atitude mais prática”, e define a relação das pessoas com o meio ambiente como uma forma de retratar a “imagem positiva” do meio ambiente, “Se você não está bem no meio de convívio, você não está bem com nada, e você está em harmonia com ele é fundamental para manter uma relação mais afetuosa com as pessoas ao seu redor”, declara ele que se considera um grande defensor do meio ambiente.
Costurando um futuro sustentável
O cooperativismo abre diversos caminhos para que a sociedade possa explorar os resíduos de forma criativa. É desta forma que a cooperada, Sandra Almeida desenvolve seu trabalho a partir de sobras de tecidos e restos de materiais usados na área têxtil. Associada à cooperativa Eu quero liberdade, Sandra recebe doações de lojas de confecção e de costureiras do bairro onde mora em Mesquita. De forma criativa e envolvendo diversas técnicas ela transforma aquilo que seria jogado no lixo em verdadeiras obras de artes para o uso cotidiano. Alguns dos produtos criados ela consegue vender e a partir daí gerar a sua própria renda. Misturando diversos resíduos, Sandra consegue resultados surpreendentes como, roupas decoradas com retalhos, bolsas de pet com lã, bolsas de lona com desenhos de giz de cera e sobras de botões de roupa.
Sandra também leva todo seu conhecimento a outros cooperados, e ressalta a importância de participar de uma ação coletiva em favor do meio ambiente, “é importante também o trabalho de capacitação das pessoas para que elas possam gerar renda. No meu caso o artesanato é a minha única fonte de renda. Eu vivo do artesanato”, completa Sandra.
Novas iniciativas relacionadas ao meio ambiente somente constata os avanços que este tema leva para os diversos grupos sociais da cidade. O catador Robson Borges, juntamente com a cooperativa Eu quero Liberdade, busca formas de inserir o egresso do sistema penitenciário no mercado de trabalho e tem por objetivo instalar novos pontos de coleta (Eco pontos) dentro do complexo do Alemão.
O primeiro passo foi o trabalho de conscientização. Juntamente com o projeto Limpa Brasil, os cooperados falaram aos moradores sobre a importância da destinação correta do óleo e dos resíduos sólidos. E segundo Robson as pessoas que mais aderem à causa são as crianças e as donas de casa. “As pessoas estão aderindo, e espero que isto possa ser um ponto de partida de uma conscientização onde teremos como retorno estes resíduos separados pela comunidade, que vai ser direcionada à cooperativa e gerar mais postos de trabalhos e que possamos ampliar esta oportunidade de reinserção e reintegração social através da reciclagem com foco nos egressos do sistema penal”, finaliza Robson, egresso do sistema penal e hoje é o presidente da cooperativa Eu quero Liberdade.